quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Lourinhasaurus alenquerensis: o retorno do Rei!

Muito poderíamos escrever sobre este dinossauro e muitas palavras fluiram nos últimos meses sobre as numerosas horas perdidas procurando a identidade desconhecida (ou quase) de Lourinhasaurus alenquerensis, um dos saurópodes mais "problemáticos" do registo fóssil português. Por isso, hoje tentaremos dar novas respostas e, por sua vez, abrir novas questões com a revisão deste taxon. 


Lourinhasaurus alenquerensis foi achado em Alenquer (Portugal) pelo geólogo norte-americano Harold Weston Robbins. Em 1957, este saurópode foi publicado por Albert de Lapparent e Georges Zbyszewski como uma nova espécie de Apatosaurus: Apatosaurus alenquerensis. Após esta publicação já se disseram muitas coisas sobre este material, mas muito pouco sobre a sua verdadeira identidade.  
Da esquerda para a direita, Rafael Royo-Torres (FCPT-Dinópolis),
 José Joaquim dos Santos
(SHN), Pedro Mocho (SHN/UAM) e Francisco Ortega (UNED/SHN),
no Laboratório de Paleontologia e Paleoecologia da SHN (Março de 2010).
 Em 1998, o estudo de material clássico e uma nova descoberta em Porto Dinheiro (Lourinhã), possibilitou a Pedro Dantas (Sociedade de História Natural e MNHN/UL) e colaboradores definir um novo género,  Lourinhasaurus. No entanto, um ano depois, uma nova análise por parte de José Bonaparte e Octávio Mateus revelou que o material descoberto em Porto Dinheiro tinha características morfológicas distintas do saurópode de Alenquer, permitindo a definição do primeiro saurópode diplodocídeo europeu: Dinheirosaurus lourinhanensis. 

Ísquios de Lourinhasaurus alenquerensis
Depois deste último trabalho, pouco mais se fez em relação a este taxon, e o saurópode do Moinho do Carmo ficou esquecido como um saurópode problemático. Numa investigação conjunta que conta com a participação da Sociedade de História Natural (Torres Vedras, Portugal), Universidad Autónoma de Madrid (Espanha),  o Grupo de Biologia Evolutiva da UNED (Madrid, Espanha) e a Fundación Conjunto Paleontológico de Teruel-Dinópolis (Espanha), publica-se hoje (20-02-2014) um trabalho da autoria de Pedro Lopes Mocho, Rafael Royo-Torres e Franscisco Ortega, que é um novo esforço para compreender o saurópode mais completo do Jurássico Superior Português. Incorporando Lourinhasaurus numa ampla análise filogenética de saurópodes, concluiu-se que este dinossauro pode ser atribuído ao grupo Camarasauromorpha. Para Além da sua posição como camarasauromorfo basal, este estudo suporta a existência de Camarasauridae como um grupo monofilético, composto por Lourinhasaurus, Camarasaurus e Tehuelchesaurus
Fémur de Lourinhasaurus alenquerensis
(Museu Geológico e Mineiro, Lisboa)
A revisão do material clássico da jazida de Moinho do Carmo, depositado noMuseu Geológico de Lisboa, ao que se juntou a descrição de material inédito, permitiu recompilar dados importantes para esta reavaliação sistemática, e dar um passo mais em direcção a uma melhor compreensão dos saurópodes do Jurássico Superior. Não obstante, futuras análises provarão a robustez destes resultados e incrementarão todavia mais  informação sobre este saurópode, o primeiro camarasauroídeo identificado na Europa. Este novo trabalho foi publicado na revista científica Zoological Journal of the Linnean Society.




Para mais informação:
Referencia: Mocho, P.; Royo-Torres, R.; Ortega, F. (2014). Phylogenetic reassessment of Lourinhasaurus alenquerensis, a basal Macronaria (Sauropoda) from the Upper Jurassic of Portugal. Zoological Journal of Linnean Society. DOI: 10.1111/zoj.12113


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